Estudo avaliou a incidência de lesão por pressão em idosos hospitalizados e correlacionou a presença…
Alimentação cardioprotetora, exercício físico e outros hábitos saudáveis regulam a pressão arterial.
A hipertensão arterial (HA), popularmente conhecida como “pressão alta”, é uma condição multifatorial e frequentemente assintomática, que pode levar à doenças crônicas e à morte prematura. Segundo a OMS, cerca de ⅓ das mortes mundiais ocorrem devido à hipertensão.
Para prevenir e tratar a HA, a maneira mais simples e eficaz são as intervenções de estilo de vida, que ajudam a manter ou controlar a pressão sanguínea elevada.
Neste artigo, você irá encontrar as principais recomendações de prevenção de tratamento desta condição, com base em recentes diretrizes de cardiologia.
Como identificar um paciente com hipertensão?
A hipertensão arterial é identificada como valores sustentados de pressão arterial sistólica (PAS) maior que 140 mmHg, e/ou valores de pressão arterial diastólica (PAD) maior que 90 mmHg (ou seja, valor igual ou maior a 140/90 mmHg).
A aferição deve ser realizada por um profissional de saúde, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. O diagnóstico final pode ser feito através de exames específico, o Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), solicitado pelo médico.
Na tabela abaixo, encontram-se as classificações da pressão arterial de acordo com a aferição.
Categoria | Pressão sistólica (mmHg) | Pressão diastólica (mmHg) |
Ótima | ≤ 120 | ≤ 80 |
Normal | 120 a 129 | 80 a 84 |
Pré-hipertensão | 130 a 139 | 85 a 89 |
HA estágio 1 | 140 a 159 | 90 a 99 |
HA estágio 2 | 160 a 179 | 100 a 109 |
HA estágio 3 | ≥ 180 | ≥ 110 |
Como antes dito, a hipertensão arterial é muitas vezes assintomática. Estima-se que 20% dos indivíduos hipertensos desconhecem a presença da doença, e apenas metade deles conseguem controlá-la.
A falta de diagnóstico é muito perigosa, uma vez que a hipertensão costuma evoluir para alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvos, com coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos. Como consequência, os casos mais graves são marcados por dor de cabeça, alterações na visão, náuseas e vômitos.
É por isso que aferições frequentes da pressão sanguínea são sempre recomendadas, principalmente para indivíduos com histórico familiar e outras doenças relacionadas (obesidade, diabetes, dislipidemia, etc). Além disso, outros exames que servem para acompanhar o curso da doença são:
- Perfil lipídico;
- Sódio e potássio;
- Glicemia de jejum;
- Hemoglobina glicada;
- Creatinina;
- Ácido úrico.
Dieta para prevenção e tratamento da hipertensão
A nutrição é uma das grandes aliadas para prevenir ou tratar a hipertensão, tendo em vista a influência dos alimentos e nutrientes na pressão sanguínea.
A seguir, você encontra as principais estratégias nutricionais voltadas para prevenção e tratamento desta enfermidade.
Padrão alimentar saudável
A principal recomendação alimentar para prevenir ou tratar a hipertensão é seguir um padrão alimentar saudável como um todo, que inclua frutas, vegetais, grãos integrais, laticínios baixos em gorduras e peixes, em detrimento da carne vermelha, açúcares, sódio e gorduras saturadas.
Neste sentido, várias opções de dietas estão disponíveis. Por exemplo, a dieta DASH (“Dietary Approaches to Stop Hypertension”) é fortemente recomendada. Este é um padrão alimentar que foca em grupos alimentares com propriedades hipotensoras, ricos em cálcio, magnésio, fibras e potássio.
Outras dietas, como a dieta mediterrânea ou vegetariana, também se mostraram eficazes em reduzir a pressão arterial e diminuir/eliminar o uso de medicamentos em alguns pacientes.
No Brasil, a alimentação cardioprotetora (Dica Br) é uma ótima opção para guiar a dieta do paciente. Aqui, os alimentos são divididos em quatro grupos, como mostra a tabela a seguir.
Grupo verde (alimentos cardioprotetores) | Verduras, frutas, legumes, leguminosas, leite e iogurtes desnatados |
Grupo amarelo (consumo moderado) | Pães, cereais, macarrão, tubérculos, farinhas, oleaginosas, óleos vegetais, mel e doces processados (goiabada, doce de abóbora, cocada, geleias…) |
Grupo azul (baixo consumo) | Carnes, queijos brancos e amarelos, ovos, manteiga, leite condensado, creme de leite, doces caseiros (bolos, tortas, mousses…) |
Grupo vermelho (evitar) | Alimentos ultraprocessados (salgadinhos, biscoitos, carnes processadas, sucos industrializados, refrigerantes, achocolatados…) |
Baixo consumo de sódio
O consumo excessivo de sódio é um dos principais fatores de risco modificáveis para a prevenção e o controle da hipertensão arterial.
Estudos mostraram que a redução de 1.8 g/dia no consumo de sódio é suficiente para reduzir em até 5.4 mmHg a pressão sistólica de indivíduos hipertensos. Neste sentido, a maioria das diretrizes recomendam uma ingestão máxima de 2 g/dia (ou 5 g de sal de cozinha), sendo que o ideal é < 1.5 g/dia.
A redução do sódio pode ser alcançada de diversas maneiras:
- Diminuir o sal adicionado no preparo das refeições;
- Diminuir alimentação ultraprocessados;
- Atenção ao rótulo de alimentos industrializados, para escolher aqueles com menor teor de sódio;
- Não usar o sal de mesa;
- Optar por ervas, especiarias e misturas de temperos secos (sem sal);
- Utilizar substitutos de sal contendo cloreto de potássio e menos cloreto de sódio (30 a 50%).
Aumentar o consumo de potássio
O potássio reduz a pressão arterial por meio da melhora na vasodilatação. Sua ingestão elevada parece reduzir o impacto negativo do consumo exagerado de sódio. Por isso, a ingestão de alimentos ricos em potássio deve ser incentivada.
Aqui, a alimentação é preferencial à suplementação, pois a presença de outros nutrientes na matriz alimentar melhora sua biodisponibilidade. Além disso, a suplementação é contraindicada na presença de doença renal crônica ou sob uso de medicação que reduz a excreção de potássio.
O consumo diário recomendado é de 4.5000 mg/dia, facilmente alcançado com um dos padrões alimentares citados anteriormente. Em estudos, a ingestão de 3.500 a 5.000 mg/dia acarretou uma diminuição de 5,3 mmHg na PAS e 3,1 mmHg na PAD.
Em particular, alguns alimentos ricos em potássio são: beterraba, acelga, espinafre, batata, extrato de tomate e feijão azuki.
Moderar o consumo de bebidas alcóolicas
Estima-se que o consumo excessivo de álcool seja responsável por 10 a 30% dos casos de hipertensão arterial. Por isso, é recomendado que o consumo de álcool seja moderado. Pacientes abstêmios (que já não bebem) não devem ser incentivados a beber.
Em uma metanálise recente, em indivíduos que bebiam mais do que dois drinques por dia, a redução no consumo de álcool associou-se com uma redução de 5,5 mmHg na pressão sistólica e 3,97 mmHg na pressão diastólica.
A orientação é que o consumo diário não ultrapasse 2 doses para homens, ou 1 dose para as mulheres. Ficar livre de álcool durante a semana e evitar seu consumo excessivo no fim de semana pode ser uma estratégia eficaz.
Outros nutrientes benéficos
Alguns alimentos e nutrientes vêm sendo investigados pela ciência, dado aos seus possíveis efeitos benéficos na hipertensão arterial. Veja-os adiante.
Café: seu consumo tem sido associado a um efeito discreto de redução no risco de hipertensão, que pode ser explicado pela cafeína e por seus seus compostos bioativos (polifenóis, magnésio, e potássio). As diretrizes recomendam que não se ultrapasse o consumo de 200 mg/dia, e os hipertensos com pressão não controlada devem evitar a cafeína.
Chás: alguns chás ricos em antioxidantes e antocianinas parecem reduzir a pressão arterial. São eles: chá de hibisco, chá verde e chá preto.
Magnésio: pode ajudar a moderar a pressão, compete com o sódio pelos locais de ligação em células vasculares, e reduz a disfunção endotelial em pacientes hipertensos.
Ácido fólico: em estudo anterior, mulheres que consumiam uma alta quantidade de folato (≥ 1000 μg por dia) tinham apenas ⅓ de risco de desenvolver hipertensão, em comparação àquelas que consumiam menos de 200 μg/dia.
Demais alimentos/nutrientes com sugestão da pressão arterial são: alho, cacau, chocolate 70%, soja, linhaça, ômega-3, vitamina C, vitamina D3 e nitratos orgânicos.
Outras orientações para prevenção e tratamento da hipertensão arterial
Além da alimentação, outras recomendações podem ser feitas a fim de prevenir e tratar a hipertensão arterial.
O tabagismo, por exemplo, é o único fator de risco totalmente evitável de doença e morte cardiovascular. Por isso, evitar experimentar cigarros ou cessar seu uso são recomendações plausíveis na hipertensão.
Além disso, a atividade física diminui o risco de hipertensão em 10 a 20%. Para aqueles que já estão hipertensos, uma recente revisão demonstrou a eficácia dos treinos de força em reduzir significativamente a pressão arterial. Profissionais capacitados devem ser procurados.
Juntamente à dieta e à atividade física, o controle do peso deve ser uma prioridade na prevenção ou tratamento da hipertensão. Em pacientes hipertensos, a cada quilo perdido, é esperada uma diminuição de 1 mmHg na pressão.
Como vimos, são diversas as formas de evitar ou promover o manejo da hipertensão arterial. Dentre elas, a nutrição exerce um importante papel.
De modo geral, um padrão alimentar saudável e equilibrado, em conjunto com a baixa ingestão de sódio, bebidas alcoólicas e outras intervenções de estilo de vida podem promover uma mudança significativa nos níveis de pressão sanguínea.
Leia também:
- Hipertensão gestacional – Diretrizes, causas e recomendações
- Dieta DASH ou perda de peso: o que controla hipertensão?
- Questionário de frequência alimentar para pessoas com hipertensão
Referências:
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Vieira, L. P., Gowdak, M. M. G., & Klein, M. R. S. T. Abordagem nutricional na hipertensão arterial: recomendações das diretrizes Brasileira (DBHA), Americana (AHA), Internacional (ISH) e Europeia (ESC). Hipertensão, v. 24, Número 1, Ahead of Print, 2022.
A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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