A adequação de macronutrientes e o consumo de compostos bioativos são recomendados.
Recentemente, novas descobertas identificaram a “Síndrome Pós-Covid”, condição de saúde que afeta pacientes que apresentam persistência de alguns sintomas após terem COVID-19. Em um novo estudo de revisão voltado aos nutricionistas, foram sintetizadas orientações acerca da alimentação, nutrientes e nutracêuticos essenciais, a fim de promover a recuperação de pacientes acometidos pela síndrome. Continue lendo para conhecer mais sobre a Alimentação pós-Covid
Em primeiro lugar, o que é a Síndrome Pós-Covid?
A síndrome pós-covid é caracterizada pela persistência, por mais de 12 semanas, de sintomas após contrairem COVID-19.
Em relação ao estado nutricional, a infecção por SARS-CoV-2 é conhecida por causar perda muscular catabólica grave, devido à inflamação sistêmica e à perda de apetite, paladar e olfato. Portanto, a perda de massa e função muscular (sarcopenia), combinada com a má ingestão, mau humor e alterações na microbiota, levam a uma alta prevalência de desnutrição.
Sendo assim, o objetivo da terapia nutricional será a promoção de uma recuperação adequada, em termos de condições físicas, funcionais, e de saúde mental. Veja as principais recomendações dietéticas a seguir.
Ingestão energética pós-covid
As necessidades energéticas para pacientes com síndrome pós-COVID-19 dependem de seu estado nutricional. Contudo, grande parte dos indivíduos experimentou redução de peso não intencional durante a infecção por COVID-19. Por isso, é importante corrigir o desequilíbrio entre o gasto e a ingestão energética, promovendo um maior aporte calórico.
Além disso, orientações gerais para aumentar a ingestão alimentar incluem:
- Consumir refeições menores e mais frequentes (6 refeições/dia, lanches a cada 3 horas);
- Beber líquidos fora das refeições para evitar a saciedade precoce;
- Limitar alimentos/bebidas “light”, com “baixo teor de gordura” ou “baixo teor calórico”;
- Considerar suplementos nutricionais orais de baixo volume e prontos para beber.
Já em pacientes com obesidade ou sobrepeso, a perda de peso é defendida para prevenir riscos associados a futuras infecções virais e reduzir a inflamação subclínica ligada à obesidade.
Proteínas no pós-covid
Para melhorar a sarcopenia e evitar maior perda de massa muscular, recomenda-se que os pacientes consumam 15 a 30g de proteína de alta qualidade a cada refeição ou lanche, garantindo a ingestão de todos os aminoácidos essenciais (efeito anti-inflamatório) e prevenindo a autofagia.
Os aminoácidos arginina e glutamina também podem ser suplementados, em virtude de seu papel na modulação da resposta imune.
Lipídios no pós-covid
Recomenda-se a ingestão diária de 1,5 a 3 g/dia de ômega-3, a fim de melhorar a inflamação e inibir a replicação viral do vírus, possivelmente reduzindo o risco de novas infecções.
O consumo de azeite extra-virgem também deve ser aumentado para fornecer ingestão adequada de ácidos graxos monoinsaturados, tocoferóis e polifenóis, que demonstraram propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
Carboidratos no pós-covid
O consumo excessivo de carboidratos com alto índice glicêmico não é recomendado. Isso ocorre pois tais alimentos têm sido associados ao aumento da inflamação e estresse oxidativo. Assim, deve-se preferir aqueles com baixo índice glicêmico.
Em contrapartida, deve-se aumentar a ingestão de fibras viscosas e fermentáveis (β-glucana e arabinoxilanos de grãos integrais, pectinas de frutas, vegetais e leguminosas). O efeito prebiótico destas fibras sobre as bactérias produtoras de butirato tem sido associado à redução da inflamação no hospedeiro.
Vitamina D no pós-covid
O papel da vitamina D na redução de infecções por COVID-19 é realizado através da redução das citocinas pró-inflamatórias e do aumento dos níveis de ACE2.
Em um estudo de coorte realizado com 4.599 pacientes positivos para SARS-CoV-2, menores concentrações sanguíneas vitamina D foram associadas à maior hospitalização e mortalidade. Por isso, recomenda-se que os pacientes consumam 100% da ingestão diária recomendada (RDA) para vitamina D.
Para pacientes com deficiência neste micronutriente, ingestões mais altas são necessárias, e um suplemento multivitamínico e mineral deve ser aconselhado pelo menos uma vez ao dia.
Nutracêuticos no pós-covid
Outros compostos bioativos que podem ser considerados no pós-covid incluem:
- Polifenóis (quercetina, resveratrol, catequinas), N-acetilcisteína (NAC) e palmitoiletanolamida (PEA) → inibição de vias inflamatórias e da replicação viral;
- Associação de inositol e glutationa → inibição da inflamação e do dano oxidativo nos tecidos;
- Proteínas e peptídeos do leite (lactoferrina bovina, lactoperoxidase, albumina sérica, β-lactoglobulina e α-lactalbumina) → reforços imunológicos;
- Probióticos → competição com patógenos para colonização no intestino e manutenção da integridade da barreira intestinal (melhora da resposta imune);
- Glicofosfopeptical (AM3) → modulação da imunidade inata e adaptativa;
- Extrato de Polypodium leucotomos → efeito pleiotrópico nas vias da resposta imune.
Recomendações adicionais
Anteriormente, a dieta mediterrânea foi associada a melhores resultados em pacientes com COVID-19 (mortalidade, taxa de recuperação e risco de infecção). Portanto, recomendou-se que uma alimentação baseada neste padrão dietético pode ser eficaz.
Ainda, a hidratação adequada (30 mL/kg de peso) também é importante para a recuperação completa no pós-COVID.
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Veja também:
Recomendações de Alimentação e Covid-19 pelo Ministério da Saúde
Referência:
BARREA, Luigi et al. Dietary Recommendations for Post-COVID-19 Syndrome. Nutrients, v. 14, n. 6, p. 1305, 2022.
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