Recomendações Dietéticas na Artrose

Postado em 2 de setembro de 2022 | Autor: Redação Nutritotal

Dentre as mudanças de estilo de vida, o tratamento da artrose através da alimentação pode trazer muitos benefícios.

A artrose (osteoartrite) é uma doença articular degenerativa que representa uma das principais causas de incapacidade em adultos e idosos. Ela afeta principalmente as mãos, os joelhos, a bacia e as pernas.

Atualmente, o tratamento da artrose consiste no controle dos sintomas, através de fármacos analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides. No entanto, esses medicamentos não interrompem a progressão da doença; além disso, podem resultar em graves eventos adversos quando em uso prolongado.

Neste sentido, a busca por mudanças de estilo de vida que contribuam para a melhora dos sintomas pode ser muito benéfica, e as estratégias dietéticas se incluem nisso. No presente artigo, reunimos as principais recomendações acerca da alimentação que vêm sendo debatidas na literatura científica em torno do manejo da artrose. Confira-as a seguir.

Recomendações Dietéticas na Artrose

Foto: Shutterstock.com

Artrose: perda de peso é importante

A obesidade é considerada um fator de risco para artrose, pois aumenta a tensão nas articulações de sustentação de peso. Além disso, o aumento nos níveis de leptina se associa à inflamação e à degradação das cartilagens, e pode estar diretamente envolvido na fisiopatologia da doença.

Sendo assim, é bem estabelecido que a redução de peso pode melhorar de forma significativa os sintomas provenientes da artrose. Isso se dá através da redução do impacto articular e da carga de lesão, da melhora dos padrões de secreção de adipocinas inflamatórias e da melhora no perfil de risco metabólico.

A diminuição de 5% a 10% no peso corporal, por exemplo, se mostrou suficiente para melhorar a incapacidade física do joelho, reduzir a dor e melhorar sua função.

A melhor estratégia de emagrecimento para auxiliar o tratamento da artrose é alinhar o déficit calórico ao exercício físico. A redução do tecido adiposo mantendo a massa muscular é vantajosa, particularmente para a mobilidade. As intervenções que combinam fortalecimento, flexibilidade e exercícios aeróbicos têm maior probabilidade de melhorar a dor e a função articular.

Dieta mediterrânea

A dieta ociental é composta tipicamente por carne vermelha, laticínios gordurosos e grãos refinados, e se associa a altos níveis de citocinas pró-inflamatórias, como PCR e IL-6. A dieta mediterrânea (DM), de modo contrário, se associa à diminuição dessa inflamação.

Rica em alimentos como peixes, grãos integrais, frutas, vegetais e azeite, a DM tem sido apontada como benéfica na melhora de sintomas comuns da artrose, como a dor e a degeneração da cartilagem, justamente devido aos seus efeitos anti-inflamatórios.

Apesar de um considerável corpo de evidências associar este padrão alimentar ao tratamento dietético da artrose, os estudos ainda são limitados, e intervenções mais longas ainda são necessárias.

Consumo de ômega-3

As articulações degeneradas pela artrose acumulam altos níveis de ácidos graxos ômega-6, precursores de eicosanóides pró-inflamatórios que contribuem para a sua patogênese.

Por outro lado, os ácidos graxos ômega-3 diminuem a produção destes eicosanóides, gerando adicionalmente mediadores anti-inflamatórios (resolvinas).

Deste modo, apesar de inconclusiva, a literatura sugere que benefícios advindos do aumento da ingestão de ômega-3 na artrose são plausíveis, principalmente no que diz respeito à redução da dor. A recomendação é que se eleve a ingestão de peixes oleosos de uma a duas vezes na semana, além de considerar a suplementação de óleo de peixe (1,5 g/dia).

Controle do colesterol

O colesterol sérico elevado foi significativamente associado à artrose no joelho, sendo assim um fator de risco sistêmico para a doença. A substância pode se acumular na cartilagem do paciente com artrose, e este acúmulo induz a citotoxicidade e aumenta a produção de eicosanóides pró-inflamatórios. Além disso, o LDL-colesterol parece influenciar o desenvolvimento e a progressão da artrose.

O controle do colesterol pode se dar por métodos farmacológicos ou por estratégias dietéticas, tais como:

Alimentação antioxidante

Espécies reativas de oxigênio e espécies reativas de nitrogênio podem estar envolvidas na fisiopatologia da artrose e, portanto, suprimi-las com antioxidantes pode atrasar seu início e progressão.

Neste contexto, as vitaminas antioxidantes A, C e E têm recebido a maior atenção. Particularmente, a vitamina C se mostrou relevante devido à sua necessidade para a formação de colágeno.

Sabe-se que tais micronutrientes fornecem proteção contra lesão celular quando as enzimas antioxidantes intracelulares estão sobrecarregadas. Uma vez que são obtidos da dieta, sugere-se que uma alta ingestão poderia ter um efeito protetor contra doenças relacionadas ao envelhecimento, sendo a artrose uma delas.

Por exemplo, um estudo sobre a suplementação de vitamina E (200 mg/dia) em pacientes com artrose do joelho encontrou melhoras significativas na dor e nos níveis circulantes de enzimas antioxidantes.

Atualmente, não há dados suficientes para mostrar o benefício da suplementação antioxidante na artrose. No entanto, para a saúde geral, os pacientes devem ser incentivados a consumir uma dieta saudável que inclua quantidades adequadas destes antioxidantes alimentares.

Recomendações de vitaminas e minerais na artrose

Além das vitaminas A, C, e E, outros micronutrientes também já se mostraram vantajosos para o manejo da artrose.

A vitamina K, por exemplo, é bem conhecida por sua função na saúde dos ossos e cartilagens. Alguns estudos transversais mostraram que a diminuição dos níveis séricos de vitamina K1 está associada a uma maior prevalência de artrose de joelhos e mãos.

Já a vitamina D possui um importante papel na regulação da homeostase mineral e do metabolismo ósseo. Assim, acredita-se que um status inadequado prejudique a capacidade do osso de responder ao processo fisiopatológico da artrose, influenciando na perda da cartilagem e na progressão da doença.

Níveis diminuídos de magnésio e cálcio também já foram encontrados em áreas endêmicas de artrose. Sugere-se que a deficiência de magnésio pode causar um crescimento descontrolado de cristais com alto teor de cálcio na cartilagem, causando danos a este tecido. Além disso, níveis dietéticos reduzidos de magnésio têm sido associados à elevação de  marcadores inflamatórios, sugerindo um papel na inflamação de baixo grau que poderia participar do início e progressão da artrose.

Apesar de evidências inconclusivas e discordantes, com as informações aqui apresentadas, entende-se que a manutenção de níveis normalizados de vitaminas e minerais seria um objetivo dietoterápico a ser buscado em pacientes com o quadro de artrose.

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Referências

KUANG, Xiaoqing et al. Magnesium in joint health and osteoarthritis. Nutrition Research, v. 90, p. 24-35, 2021.

MESSINA, Osvaldo Daniel; VIDAL WILMAN, Maritza; VIDAL NEIRA, Luis F. Nutrition, osteoarthritis and cartilage metabolism. Aging clinical and experimental research, v. 31, n. 6, p. 807-813, 2019.

MORALES-IVORRA, Isabel et al. Osteoarthritis and the Mediterranean diet: a systematic review. Nutrients, v. 10, n. 8, p. 1030, 2018.

THOMAS, Sally et al. What is the evidence for a role for diet and nutrition in osteoarthritis?. Rheumatology, v. 57, n. suppl_4, p. iv61-iv74, 2018.

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